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Contos Urbanos 1

Uma tarde na Kombi


Capilé assoviou pro Carlinhos Pandeiro que se apresentava em frente à Constante. Carlinhos assoviou de volta com fôlego de alcançar o Leme e melodia de amolecer toda a princesinha, nesse instante a Kombi pára no sinal vermelho que se confundia com a placa de transito de proibido estacionar. Estava eu olhando para fora para me esquecer do calor que fazia, o ronco do ar e da onda batendo tão metódico quanto à batedeira Arno da minha avó ressoava como uma sinfonia, vendo uma morena que desfilava no calçadão.

Cinco toc-tocs de sapatos de boneca nº 36, no salto alto sobre as calçadas onduladas de Copacabana produziam um som que chamava ainda mais a atenção pois a cena completava o passeio de Kombi daquela tarde na zona sul, gostava de pegá-la na Lapa e para dar um rolé na orla.

Aquela morena de praia não saía da minha mente, garota de vestido roxo colado no corpo mostrando o bico do peito.

A moeda do troco fugiu de minhas mãos e cairam, abaixei para pegá-las, ao me levantar vejo a morena fazendo um sinal a frente para a Kombi, um delírio tomou conta do lugar, reparei que existia um buraco no teto da kombi feito teto solar, que mais me lembrava o sótão da casa da minha amiga Paula, unha e carne, que estava sempre com um fone escondendo suas orelhas pequenas muito parecida com as da garota da Kombi.

Ela veio sentar justo ao meu lado, fui conversando de uns quatro quiosques com ela,com pulseirinha de plástico no braço, um tesão desde infância, que mais me lembrava o relógio champignon que trocava as pulseiras de cores não tirava os olhos dela e do relógio tinha uma coleção destes, adora a pulseira vermelha.

Até o final de Copacabana fomos conversando sobre o show do Lenine que teria a noite na Lapa, meus pés raspavam no assoalho produzindo um som seco mas eu não estava nervoso, mas o som se confundia com as diversas conversas paralelas que rolavam no coletivo alternativo, o papo rolou até ela se levantar amarrando sua canga de flores amarelas verdes e vermelhas fechando sua performance invisível num rodopio de Lago dos Cisnes, desce e se despede com um beijo assoprado.

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