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Os 462 anos de São Paulo e o cinema da "Boca do Lixo"


Concentrados na região do centro da cidade de São Paulo, na Rua do Triunfo, diversas produtoras de cinema se instalaram nas décadas de 1920, 30 e 40 que ficou marcado como momento mágico para a produção de cinema do Brasil, os primeiros cinematógrafos foram instalados.  Os produtores foram se transferindo para perto das distribuidoras do bairro, instaladas próximas das estações ferroviárias e rodoviárias, desse modo garantia a remessa e o recebimento dos filmes para outras regiões do país. No período, empresas como Metro, Fox e Paramount iniciaram este processo na área. Com o passar do tempo, a presença destes empreendimentos atraiu outras companhias dos seguintes setores, como manutenção e técnica, fábricas especializadas em equipamentos e distribuidoras, a indústria cinematográfica dava passos importantes seguindo o caminho da industrialização nacional. Formou-se então um grande conglomerado industrial e comercial, estúdios e produtoras foram criadas na "Boca do Lixo", tornou-se uma área de grande efervescência do cinema independente no Brasil.

Logo depois nas décadas de 50, 60 e 70, juntaram-se a eles os atores e diretores, formando um verdadeiro pólo de produção de filmes, que foi considerado nesse período como "estilo" de cinema produzido na "Boca do Lixo" com importância significativa para a história da cidade de São Paulo e do cinema nacional. Liderado pelo cineasta Carlos Reichembach, alí foi o berço do movimento denominado de "Cinema Marginal", na qual, tinham o José Mojica, o "Zé do Caixão", Ozualdo Candeias e o Rogério Sganzerla, Toni Vieira, Jean Garret, Ody Fraga, o Coimbra e o Walter Hugo Khouri, Oswaldo de Oliveira, o Carcaça, Jean Garret, Antônio B. Thomé e Ody Fraga, o Ministério da Cultura - MinC, reconhecia a importância do estilo e incentivava, pois em muitas ocasiões os filmes foram realizados com apoio de verbas oficiais da Empresa Brasileira de Filmes - Embrafilme.





Na “Boca do Lixo” um pólo cinematográfico importante de produção da sétima arte se constituiu, alguns pesquisadores a consideram como a "Hollyood" do Brasil. Instalados numa zona de prostituição, esses autores estavam fazendo história e ganhando festivais pelo mundo até a Palma de Ouro em Cannes que conseguiram conquistar com o filme "O Pagador de Promessas" de Oswaldo Massaine em 1962. Entre as produções, os gêneros explorados eram terror, artes marcias, ação, faroeste, policial, drama e comédia, sempre com o uso do erotismo, característica principal da pornochanchada. No que se refere à localização, a "Boca do Lixo" encontrava-se no chamado Quadrilátero do Pecado, que era formado pelas ruas e avenidas Duque de Caxias, Timbiras, São João e Protestantes.

Alguns filmes tiveram muito sucesso de bilheteria, entre os quais "A Viúva Virgem", de Carlos Rovai em 1972 e "Giselle", de Victor di Mello, em 1980. Em raras exceções, esses filmes eram sucesso entre a crítica, que preferia os filmes mais voltados à questão social, de diretores surgidos no período do "Cinema Novo" durante os anos de 1960 e 1970. No final dos anos de 1980, a região produzia seus últimos filmes. Para nós, o cinema da "Boca do Lixo" deixou marcas profundas, uma escola, tanto estéticas, na forma, na linguagem e no roteiro, suas obras hoje são referências e peças fundamentais para o estudo da história do cinema brasileiro.







Cartazes promocionais dos filmes produzidos na "Boca do Lixo"



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