Desde sua conturbada saída da excelente banda "Farofa Carioca", grupo de Black e Soul Music formado entre as cidades de São Gonçalo e Belford Roxo, região metropolitana do Rio de Janeiro, o músico Seu Jorge vem sendo ambíguo em suas posições políticas. Nesses momentos, o conhecimento da história das coisas é muito importante. Por isso, devemos dar um desconto ao músico, isso deve passar, suas terríveis declarações a respeito do racismo no Rock, aproveitando-se de uma horrível e descabida atitude do ex-integrante da conhecida banda "Pantera" Phil Anselmo, em que fez uma saudação nazista skinhead, após a realização de um show neste final de semana em Ohio. Já é caso conhecido que bandas como o "Pantera" e "Metallica", que chegaram em até alguns momentos a se apresentarem com a bandeira dos confederados da Guerra Civil americana, que defendiam a escravidão no sul dos EUA. Inclusive alguns produtores chegam a especular que a saída de Dave Mustaine, no início, hoje vocalista e guitarrista do "Megadeth", já tinha ocorrido divergências políticas com os integrantes atuais do "Metallica" por causa das posições mais conservadoras do grupo.
Antes de tudo, é fundamental destacar que o racismo é uma das bases do sistema capitalista, a opressão aos povos e nações, a diáspora negra retirados a força de sua terra natal, reinos, nações e tribos foram destruídas pelos exploradores, o tráfico negreiro geraram muitas riquezas, a mãe África foi dilacera pela ganancia, e que toda a exploração ou racismo deve ser combatido com todas as forças, o problema é que como está se organizando a sociedade contemporânea, o horizonte não é tão promissor, a intolerância se tornou ainda maior nesse século XXI, mas mesmo assim, o racismo não deve ser aceito de forma alguma, seja ele de gênero, raça ou cor.

Nascido no Recôncavo Baiano, o samba, foi trazido por negros que vieram para o Rio de Janeiro, no início do século XX, por volta dos anos 1920, se desenvolveu nas rodas organizadas por dona Hilária Batista de Almeida, conhecida como Tia Ciata, a efervescência cultural naquela região era grande, reuniam-se músicos como Pixinguinha, João da Baiana e Donga, considerado o primeiro autor gravado de samba com "Pelo Telefone". A Casa de Tia Ciata, na Praça Onze no Centro da Cidade, área que também ficou conhecida como Pequena África, era um importante lugar de encontro de escritores e músicos, hoje demolidas.
O samba foi redescoberto pela academia das universidades na década de 90, levado para a Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro no final dos anos 70 pelo artista plástico Hélio Oiticica, após vivência no barracão e na quadra da Escola de Samba Mangueira, o gênero atualmente vem crescendo bastante nas camadas entre os brancos, tanto que hoje é bastante comum ver rodas e blocos de carnaval formado majoritariamente de brancos, sem contar na Sapucaí, com exceções de Beija-Flor, Independente de Padre Miguel, Estácio de Sá, Paraíso do Tuiuti e Acadêmicos do Cubango, e blocos como os Embaixadores da Folia e Escravos da Mauá, no Rio de Janeiro, a grande maioria das Escolas de Samba e suas respectivas alas são formadas por brancos, se quiser, para conferir melhor, é só dá um passeio nos camarotes.
Por isso, Seu Jorge ao afirmar em entrevista amplamente divulgada pela internet, em que acusa o rock de ser racista, e que o gênero não é para negros, é uma infeliz declaração e um grave equívoco, e que distorce a história e as raízes desse gênero musical e seus fundadores. Porém se torna uma obrigação em esclarecer alguns fatos reais na história da música mundial, e ao mesmo tempo muito importante na sua correta informação, a verdade é que o rock foi criado entre os anos de 1940 e 1950 nos campos de plantação de cana-de-açúcar e algodão dos EUA. O Rock and Roll (Pedras que Rolam), é filho do Blues e do Rockabilly (R&B), gêneros originados nas casas e igrejas dos negros afro-americanos, muitos deles ainda filhos e netos dos ex-escravos das fazendas durante o período da escravidão nos Estados Unidos dos séculos XVIII e XIX.
Considerado pai do rock, o guitarrista negro Chuck Berry, que a partir da sua genialidade e talento, portando belas guitarras, fez surgir um dos gêneros mais discutidos, amados e odiados de todos os séculos e que junto a Robert Jonhson, Nina Simone, Tina Turner, Shirley Varret, Buddy Guy, B.B. King, Bo Diddley, Jimmy Hendrix, Little Richard, Ray Charles, Black Merda, Lenny Kravtz, Living Color e muitos outros artistas negros da música, fizeram e fazem o mundo tremer com suas vozes, performances e muita originalidade, que até hoje nos encantam a sua beleza.
Nina Simone
Lenny Kravtz
Chuck Berry
Tina Turner
Música "Revolution", cantada em show no bairro do Harlem, em NY por Nina Simone
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ResponderExcluirOlá amigo. Acho o Seu Jorge um excelente cantor. Mas não sou um fã dele. Disse isso para que ache que eu estou defendendo ele. Mas acho sim que o rock é racista. Não apenas racista, mas se tornou o maior movimento racista do mundo. Sem dúvida o rock começou sendo uma música negra. Porém, quantos artistas negros temos no rock atual? Há quanto tempo não temos um nome de peso que seja negro no rock mundial? Porque o ritmo de Michael Jackson não foi considerado rock e sim pop? Fora isso, os roqueiros já há algum tempo despresam todo tipo de música negra que não sejam classificadas como rock. A exceção é o reague. Aqui no Brasil, desmereceram o Samba, o Funk (que particularmente não gosto mas não desprezo), a música sertaneja etc. Mais um detalhe. O rock já não é o mesmo ritmo que foi inventado pelos negros. O blues-rock inventado por Check Berry já não é tocado. Para mim, o rock se tornou musicalmente o oposto ao blues-rock criado pelos negros.
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