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A rua como espaço de cultura

A rua é, ao mesmo tempo, o espaço do encontro e do abandono. Quando as pessoas voltam a ocupar os espaços públicos, muitas vezes já degradados e entregues ao descaso, enfrentam essa ambiguidade. As atividades culturais em espaços públicos, ou seja, estes como lugares de encontro são fundamentais. É necessário que o espaço urbano seja ocupado pelas pessoas, tanto melhor se for por artistas, desta forma possibilitando o acesso à cultura, democratizando a produção de arte. As manifestações artísticas em praça pública passam a desenvolver uma prévia comunicação com o que temos de melhor nas cidades, as trocas entre o público e os artistas são inerentes às manifestações culturais de rua, pois ocupam as áreas comuns das cidades, além de promover a convivência e a participação das pessoas, o artista encontra nas praças, viadutos e outros espaços urbanos, o palco para se fazer conhecer. São grupos de teatro, de dança contemporânea e street, grupos de palhaços, hip hop, malabares, músicos, e performers.

Os espaços de arte urbana como arte de rua, ou da arte urbana como lugar de  expressões de muitas visões, estão se transformando, cada vez mais, pois tais manifestações vêm demonstrando sua importância também para a integração social nas cidades. Os benefícios que a arte no espaço público trazem começam a ser mais reconhecidos, inclusive pelo poder público. Hoje, você consegue reconhecer que é melhor um lugar, como viadutos, sendo usado por pessoas, iluminados, com pinturas nas paredes através dos grafites, criando uma arte integradora entre a população e os artistas. O espaço público com fins públicos, para a arte popular.

Desde os anos 1970 artistas jovens das grandes cidades foram construindo momentos e ações interessantes de aproximação com o espaço público. Hoje, tanto em cidades brasileiras como em cidades de outros países, as cenas de arte urbana ligadas aos jovens e aos espaços públicos tornaram-se mais respeitadas pelo sistema da arte embora historicamente elitizado e importado(sugestão) e do poder público. Mesmo que ainda vistos como alternativos ou até marginais atualmente são mais bem entendidas pelo público, pela academia, pelas galerias de arte e pelo poder público. Os artistas e seus trabalhos tornaram-se melhor conhecidos, entendidos. Além disso, o público se acostumou a conviver com esse tipo de arte. É muito importante, para qualquer reflexão sobre esse assunto, lembrar que não estamos falando do artista, não estamos falando da arte, não estamos falando do mercado, estamos falando do público. Os transeuntes estão sendo convidados a participar cada vez mais, com isso vai se formando um público, e é justamente esse um grande momento, em que a gente vê a arte acontecendo nos ambientes públicos e a população absorvendo essas propostas.

Um dos aspectos mais importante e fundamentais é que o poder público está começando a perceber a importância da ocupação cultural na maioria das cidades, inclusive em alguns momentos apoiadas, mas sabemos que essas manifestações no Brasil ainda são  bem novas, ainda há a tendência de um crescimento significativo do movimento. A arte pública, a arte urbana, pode ser muito bem usada para a revitalização de espaços urbanos degradados, como vemos em cidades de Nova Iorque, Barcelona, Cidade do México, Buenos Aires e Santiago.

Uma questão, porém, é a falta de estudos na produção de dados, ainda são poucos os estudos produzidos sobre a questão e as informações disponíveis ainda não são suficientes para construir políticas efetivas, o contrario, há que se ter políticas publicas de incentivo a cultura popular para que haja levantamento de dados...vc deve conhecer a legislação a respeito q foicriada na Bolívia, onde os grupos de artistas reebem um incentivo financeiro do governo para sua criações e em troca devem mostrar o livro de assinaturas dos presentes, inclusive eles tem espaço em dias e horários específicos nos teatros para suas apresentações custeadas pelo governo. Um equívoco recorrente são as ações que envolvem a construção de mega espaços de cultura que, por fim, acabam não conseguindo de fato integrar-se à comunidade. É a ideia antiquada de que você vai lá e constrói um centro cultural bem grande e, por si só, o trabalho está feito. A gente sabe que isso não existe, podemos problematizar o que é feito com a cultura popular e o que é feito para a cultura popular, impondo "padrões do fazer" e ser aceito típico de espaços levados às comunidades, pois não dialoga, não são espaços dialógicos ou falta muito pra isso....Outro equívoco estaria relacionado aos grandes eventos que, pontuais, não contribuem para, de fato, construir mudanças positivas nas regiões em que são realizados.
Ver bons shows e tudo o mais é uma excelente experiência, mas não se sustenta no sentido de que não deixa nenhum legado para o lugar, não constrói nada no lugar. Mostra um bairro que está sendo demolido, mas é um flash, é uma luz que acende e apaga. É preciso levar benefícios permanentes para esses lugares.

Um bom exemplo são os centros culturais, espaços que conservam, difundem as artes e expõem testemunhos materiais produzidos pelo homem. No Brasil, há 2.500 centros culturais, de acordo com dados da Fundação Nacional de Arte (FUNARTE) temos entre museus, teatros e bibliotecas, que mantêm acervos e exposições. Entre os principais teatros do Brasil estão o Theatro Municipal do Rio de Janeiro, inaugurado em 1909, e o Teatro Municipal de São Paulo, que abriu suas portas dois anos depois. As galerias são espaços amplos, normalmente com várias salas, que expõem e às vezes vendem obras de arte.

O Centro Cultural Banco do Brasil-CCBB do Rio de Janeiro, também disponibiliza ambientes exclusivos direcionados para a cultura. E por fim temos as casas de cultura que reúnem diversas atividades e manifestações artístico-culturais em um só espaço, como música, teatro e literatura, além de muitas vezes promover oficinas e cursos ligados às artes e contar com bibliotecas. Para finalizar, a diferença destes centros culturais com o espaço público e como estes espaços ainda são poucos e ainda marginalizam a cultura popular... uma forma de democratizar seria ter mais destes espaços e geridos com participação dos artistas populares. 

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